Não há nada que você não possa fazer, você está em New York

agosto 07, 2022

Primeira foto no Central Park em New York City. Fevereiro, 2020.
Olhei pela janela do avião e por um segundo eu senti que o meu coração iria sair pela boca. Após quase onze horas sentada naquela poltrona eu já não conseguia sentir os meus pés. Eu ri, pensando na possibilidade de sair andando pelos corredores do avião. Alguém disse "consigo ver a estátua da liberdade daqui" e todas nós olhamos atentas procurando o tão famoso marco da cidade que nunca dorme. Eram quase onze da manhã e eu precisava de um café. Faltava pouco para sairmos do avião e eu estava ansiosa por tudo que estaria para acontecer. Pousamos e começamos a andar lentamente para fora, quando eu senti um frio que eu nunca havia sentido antes. Era fevereiro. No Brasil, eu vestia shorts e chinelo. Percebi que eu precisaria de luvas e toucas. Vesti o casaco e o cachecól. Eu já me sentia dentro de um filme. Andando pelos corredores do aeroporto eu ouvi pela primeira vez mais de dez pessoas falando inglês ao mesmo tempo e foi então que a minha ficha caiu... Eu estava nos Estados Unidos. Andamos até a Imigração e o meu coração foi ficando apertado outra vez. Uma garota de sorriso largo me olhou e disse que tudo iria ficar bem. Ouvimos pessoas falando sobre uma tal gripe que estava sendo descoberta na China. Um rapaz andou até a nossa fileira e disse que se possível, teríamos que vestir uma máscara para a nossa proteção. Algumas meninas riram e eu pensei que tudo aquilo era muito estranho e extremo, mas vestimos a tal máscara. Andei até a imigração e após conferir todos os meus documentos, a mulher séria me perguntou se eu havia visitado a China nos últimos meses. Eu disse que não. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo. E não fazia ideia do que iria acontecer nos próximos meses. Sorri e disse o obrigada mais aliviado da minha vida. Eu estava finalmente nos Estados Unidos. Todas as meninas estavam tão felizes e eu me lembro de pensar no quanto aquele momento era o início de tudo. Tantas histórias seriam construídas a partir daquele momento. Enviei algumas fotos para a minha família e disse que estava tudo bem e que estava muito frio. O frio era a única coisa que me incomodava naquele momento, mas eu estava animada demais para reclamar. Andamos até a saída do aeroporto e tudo era tão diferente. Eu não conseguia parar de ouvir as pessoas ao meu redor conversando em inglês e mesmo sem entender quase nada, eu achava muito incrível a ideia de estar totalmente inserida em um outro idioma. Nosso ônibus chegou e então, todas nós embarcamos para a nossa primeira aventura nos Estados Unidos: A Escola de Treinamento. Passaríamos uma semana estudando os cuidados básicos da infância e primeiros socorros, além de vivermos uma imersão cultural e linguística com pessoas do mundo inteiro. Eu nunca havia conhecido alguém de outro país. Conheci dois missionários americanos enquanto fazia parte da Igreja Mórmon, mas nada igual a experiência de passar uma semana com pessoas do mundo inteiro. Anotei algumas palavras no meu celular que me serviriam de inspiração para novos textos no futuro e olhando pela janela outra vez, eu admirava a cidade que eu sempre sonhei em conhecer...

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